Ser uma mulher negra, de favela, que pode chegar aonde ela quiser. Esse é o desejo de Maura Rosa Teixeira, empreendedora há 18 anos, que faz parte das 300 mulheres inscritas no Programa Federal Caixa Mulheres de Favela, lançado nesta sexta-feira (28), em Salvador. O evento, que ocorreu no espaço Subúrbio 360º, no bairro de Coutos, abre os 45 dias de capacitação para mulheres e contou com a presença da secretária de Políticas para as Mulheres da Bahia, Elisângela Araújo, representantes da Caixa e lideranças da Central Única das Favelas (Cufa).
A secretária Elisângela Araújo destacou a importância do programa Caixa Mulheres de Favela. “Somos mais de 51% da população no estado da Bahia. Hoje, aqui, estamos diante de várias ofertas de capacitação e apoio aos empreendimentos. Isso vai ajudar muitas mães solos, que batalham a vida no dia a dia, e será uma grande oportunidade, sob diversas perspectivas, para crescer. Vamos ser parceiros nesse projeto e ajudar centenas de mulheres aqui nesse bairro”, afirmou a titular da SPM.
Para fortalecer o empreendedorismo feminino na Bahia, a parceria entre a Caixa e a Central Única das Favelas (Cufa), realiza na primeira etapa do programa a instalação de três laboratórios de inovação social: em Salvador, no espaço Subúrbio 360º; no Rio de Janeiro, no Complexo da Penha, e em São Paulo, Heliópolis. Foram investidos R$ 16 milhões para o programa e já são 2.800 mulheres inscritas.
“A Caixa está investindo parte do fundo sócio-ambiental, porque entende que isso tem tudo a ver com o debate da sustentabilidade. É um projeto piloto, com 500 mulheres sendo atendidas diretamente em cada uma das comunidades. Mas, a tendência é ampliar”, pontuou a presidente da Caixa, Maria Rita Serrano. Ela explicou ainda a possibilidade de fazer cursos através de WhatsApp, chegando a atingir 50 mil pessoas. “Pelo WhatsApp, a abrangência chega a outras regiões, não só nessas localidades”, concluiu Serrano.
O presidente da Cufa, Márcio Lima, observou que na pandemia, muitas mães recebiam o auxílio emergencial e investiam no empreendedorismo aleatoriamente, pela necessidade, e acabavam tendo prejuízo. Por isso, o projeto visa à emancipação sócio-econômica dessas mulheres, a partir de uma trilha de formação. “A maioria das inscritas são mães solos e grande parte é chefe de família. Pensando nisso, vamos oferecer um espaço para que elas possam deixar os filhos sendo cuidados, enquanto elas aprendem”, salientou Márcio Lima.
O programa vai funcionar com o apoio de uma incubadora de negócios, serviços de formalização de empresas, orientação contábil e de produtos bancários para todas as empreendedoras em formação. O espaço vai atender mulheres que desejam começar ou ampliar seu negócio a partir das necessidades apresentadas por elas. Além da oferta de cursos de capacitação de empreendedores, com educação financeira, e de formação em diversas áreas.
A salgadeira Maura promete que não vai deixar a oportunidade passar. “Sou baiana, mas passei 23 anos no Rio de Janeiro e nunca tinha visto um projeto igual a esse. Estou maravilhada com as portas abertas através do Mulheres de Favela, e estou ansiosa para começar esse curso, porque não é todo dia que nós temos essa oportunidade. Crio meus dois filhos vendendo salgados de porta em porta. Agora vou ter a chance de ampliar o meu negócio”, afirma.
As inscrições para Salvador e Região Metropolitana começam na próxima terça-feira (2), através do site da Cufa ou presencialmente, no Subúrbio 360°. Podem participar mulheres (cis e trans) e travestis, a partir de 18 anos, portando RG, CPF e comprovante de residência. O lançamento do programa já aconteceu em março, no Rio de Janeiro, e também vai acontecer em São Paulo, no próximo dia 12 de maio.
Fotos: Mateus Pereira/GOVBA
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