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SALVADOR - 29/03/2023

Salvador completa mais um ano com antigo desafio de superar desigualdade social

Salvador completa mais um ano com antigo desafio de superar desigualdade social

A velha máxima continua fazendo sentido para Salvador: a idade é nova, mas as dificuldades, antigas. São 474 anos, alcançados nesta quarta-feira (29), tentando superar o desafio da pobreza e da desigualdade social. Um levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE-BA), a pedido do Metro1, apontou que a cidade dos soteropolitanos é a capital com a maior proporção de pessoas vivendo em condições de extrema pobreza: 11,2% da população. Isso significa que cerca de 325 mil cidadãos sobrevivem mensalmente com uma renda inferior a R$164.

Essa população vem crescendo. Os dados são referentes a 2021, quando foi realizada a última pesquisa da série histórica, mas em 2012, início da série, apenas 4,2% da população estava em condições de extrema pobreza. No quesito desigualdade social, Salvador também tem destaque e figura o quinto lugar no ranking de maior diferença entre as rendas dos 40% da população com menores rendimentos e os 10% com maiores rendimentos.

Entre os 40% de soteropolitanos com menores rendas, o salário tem uma média de R$288, enquanto os 10% com maiores rendimentos recebem quase 20 vezes mais que isso (R$5.851). Vale ressaltar que a cesta básica em Salvador custa em média R$540,72, segundo levantamento realizado pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) em janeiro deste ano. 

Não é preciso ir muito longe ou confiar apenas nos números. As longas filas formadas no segundo semestre do ano passado para atualização dos dados do CadÚnico dão uma ideia do desafio a ser superado. Entre junho e outubro, beneficiários dos programas de transferência de renda do Governo Federal se aglomeravam nas primeiras horas das manhãs, em frente à Secretaria Municipal de Promoção Social e Combate à Pobreza (Sempre) para não correr o risco de perder os benefícios. 

Idealizador do projeto Salvador Invisível, Lucas Gonçalves classifica a situação de Salvador como crítica e histórica. “Já estive em muitas capitais do país para estudo e percebo que a questão de Salvador é muito mais grave”, diz.

“Os fatores que contribuem podem ser muitos: primeiro, o fato de ser uma cidade sem planejamento, com casas sendo construídas em cima de outras, pessoas aglutinadas; depois tem a questão que há uma segregação histórica afastando as pessoas do centro cidade; e há ainda o clima de Salvador, que acaba atraindo muitas pessoas para morar aqui”, cita. 

Secretário da Sempre, Júnior Magalhães cita os cerca de 60 equipamentos de assistência social no município (como os Cras, Creas e os Centros Pop), mas concorda que a pobreza e a desigualdade social são problemas históricos e um grande desafio a ser superado na capital baiana.

Para ele, os programas de transferência de renda e os benefícios eventuais fornecidos pela gestão municipal (como aluguel social e auxílio para despesas com funeral e enxoval) não são suficientes. “O grande desafio é dar autonomia a essa população. É profissionalizar para que eles não dependam só do governo e transversalizem de fato os serviços públicos, como educação, cultura e lazer”, afirma.

A pandemia da Covid-19, para o secretário, tornou o problema ainda mais grave, elevando o número de pessoas que dependem de auxílios e programas de transferência de renda. Já o idealizador do Salvador Invisível não concorda com esse discurso.

“Claro que a pandemia aumentou o número de pessoas nessas condições, aumentou o número de desempregados. Mas, em 2019 já atuamos em grande escala com a população em situação de rua e hoje vemos que são as mesmas pessoas nas ruas. A pandemia não foi tão alarmante para a situação, tudo isso já é histórico na nossa cidade”, avalia. 

Por Metro 1

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