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SEGURANÇA - 01/05/2018

Sistema prisional do DF tem deficit de pelo menos 6,2 mil vagas

Sistema prisional do DF tem deficit de pelo menos 6,2 mil vagas

Relatório do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) sobre o sistema prisional brasileiro divulgado nesta segunda-feira (30/4) mostra que a situação do Distrito Federal é como a do restante do país: cadeias lotadas transformando-se em barris de pólvora.

No Brasil, 65% dos presídios têm ocupação superior à capacidade máxima planejada. No DF, todas as unidades, com exceção da Penitenciária Feminina, estão com deficit. Apenas no Complexo Penitenciário da Papuda, seria preciso criar 6.242 vagas para acomodar o que excede a lotação do local.

Já na unidade da capital onde esse problema não existe, as questões são outras. Apesar de operar no limite da capacidade, com 19 vagas de saldo positivo, a Penitenciária Feminina do Distrito Federal (PFDF), conhecida como Colmeia, tem outras irregularidades, como a detenção de pessoas do sexo masculino em uma prisão exclusivamente dedicada ao cumprimento de pena de mulheres.

A Secretaria de Segurança Pública e Paz Social (SSP) negou a presença de homens na Colmeia. “O que o relatório aponta refere-se aos custodiados que cumprem pena na Ala de Tratamento Psiquiátrico (ATP). Apesar de ser construído dentro da área destinada à PFDF, a estrutura é completamente diferente, não havendo contato entre eles”, disse a secretaria em nota.

Com capacidade para 4.925 detentos, a situação na Papuda é de superpopulação carcerária, segundo o CNMP. No Centro de Internação e Reeducação (CIR), são 1.429 presos a mais do que suporta a unidade.

Na Penitenciária do Distrito Federal I (PDF I), o excedente é de 2.200 pessoas; na PDF II, de 2.150. Já no Centro de Progressão Penitenciária (CPP), o deficit é de 463 vagas. No Centro de Detenção Provisória (CDP), os números divulgados inicialmente pelo CNMP continham erros e serão apresentados assim que o órgão fizer a atualização.

O levantamento da situação dos presídios é feito a partir do cumprimento da obrigação legal dos Ministérios Públicos de todo o Brasil de realizar visitas mensais às unidades prisionais. A determinação está prevista na Lei de Execuções Penais e regulamentada pela Resolução nº 56 do CNMP.

Segundo o membro auxiliar da comissão do Sistema Prisional do CNMP, Antônio Suxberger, cada MP tenta amenizar o problema conforme a realidade local. “Nacionalmente, o Conselho tem indicado boas práticas e intercâmbio de informações, desde o deslocamento de presos a acordos firmados entre governadores e direções dos sistemas prisionais”, diz Suxberger.

De acordo com o conselheiro Dermeval Farias Gomes, que preside a comissão do CNMP, “o amplo acesso a esses dados permitirá um maior amadurecimento na discussão das políticas públicas dirigidas ao enfrentamento da questão carcerária e orientará a interlocução dos órgãos do Estado brasileiro para reduzir as assimetrias presentes nos dados produzidos nas diversas unidades da Federação”.

Medidas para melhorar o sistema
Em 2016, foram criadas 800 vagas no sistema prisional, sendo dois blocos com 400 vagas no  CDP e outros dois blocos, também com 400 vagas, na Penitenciária Feminina, no Gama.  A SSP informou ao Metrópoles que o sistema conta com oito mil vagas e que existe previsão para a construção de cinco unidades, com capacidade para 3,8 mil detentos.

“Serão quatro Centros de Detenção Provisória, que estão em fase de construção, e uma Penitenciária do Distrito Federal III (PDF III), que encontra-se em processo de confecção de projeto de terraplenagem. O objetivo é minimizar a lotação do sistema penitenciário, que hoje conta com cerca de 16 mil custodiados”, diz a SSP.

Além disso, também para diminuir a lotação no sistema carcerário, foi instituído, no Distrito Federal, no final do ano passado, o uso das tornozeleiras eletrônicas. A medida, alternativa à prisão, depende de decisão do Poder Judiciário e tem seis mil equipamentos à disposição.

Transparência
A divulgação do relatório é uma etapa preparatória para o lançamento da Business Intelligence (BI) da Comissão do Sistema Prisional. A ferramenta permitirá aos cidadãos fazer o cruzamento de dados produzidos pelos membros do Ministério Público em relação ao sistema prisional e controle externo da atividade policial.

Obedecendo ao conceito de transparência ativa, o plano diretor da comissão ainda prevê a disponibilização dos dados em tempo real à sociedade, assim que preenchidos os relatórios, sem tratamento das informações por parte do CNMP.

Realidade brasileira
Dos pouco mais de 1.500 presídios brasileiros, 65,73% apresentam ocupação superior à capacidade máxima planejada, tendo como referência dados colhidos entre março de 2016 e fevereiro de 2017. Os números mostram, por exemplo, que o Sudeste é a região do país com o maior número de penitenciárias, totalizando 508 – o número representa quase um terço das unidades prisionais brasileiras. Por sua vez, o Norte é a região com menos estabelecimentos: são 157, dos quais 119 estão superlotados.

Das cinco regiões, o Nordeste é a que apresenta percentualmente o menor número (56%) de presídios lotados. De um total de 431, 130 ainda não preencheram o máximo que podem suportar, e 59 têm a ocupação igual à capacidade.

Penitenciária federal
Brasília receberá, ainda este ano, a quinta penitenciária federal do país. Existem outras quatro, em pleno exercício, nas cidades de Catanduvas (PR), Mossoró (RN), Campo Grande (MS) e Porto Velho (RO). Previsto para ser inaugurado em 2014, o espaço localizado no complexo da Papuda sofreu atraso nas obras e problemas com as construtoras envolvidas. O custo total do empreendimento chegou a R$ 39 milhões.

A empreiteira que tocava o projeto, a Construtora RV Ltda, faliu. Foram pelo menos nove meses de paralisação, com base em informações do Ministério da Justiça, até que a segunda colocada na licitação, a empresa GCE Engenharia, assumisse a construção.

Veja fotos da 5ª Penitenciária Federal

 

Como vai funcionar
Quando a 5ª Penitenciária Federal estiver em funcionamento, cada preso será custodiado em celas individuais, com área de 6m². O monitoramento será feito 24 horas por dia, com circuito de câmeras em tempo real, além de sensores de movimento e alarmes.

Os detentos terão direito a duas horas de banho de sol por dia, além de visita de advogados e amigos no parlatório e de familiares no pátio. É proibido o acesso a televisores, rádios e qualquer outro tipo de comunicação externa.

Segundo o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), o presídio do DF apresenta o que há de mais moderno no sistema de vigilância, como equipamentos capazes de identificar drogas e explosivos nas roupas dos visitantes, detectores de metais e sensores de presença, entre outras tecnologias. METRÓPOLES

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