Para assegurar que famílias que vivem em comunidades rurais do Semiárido baiano consigam ter água para consumo e produção mesmo em períodos de estiagem, o Governo da Bahia, por meio do projeto da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), Pró-Semiárido, investiu, até o momento, R$ 12,6 milhões em tecnologias de captação, armazenamento e reúso de águas domésticas.
São 1.620 cisternas de placas para produção e consumo humano; 134 barreiros-trincheira; 294 bioáguas para reúso de águas cinzas (torneira, chuveiro); e 30 tecnologias de reuso de águas brutas (esgoto total). As tecnologias familiares e coletivas beneficiam diretamente mais de 3.000 famílias agricultoras com água para beber, cozinhar, produzir alimentos para consumo e também para os animais.
“O trabalho do Pró-Semiárido para enfrentar a estiagem tem base em algumas vertentes: Nós procuramos, primeiro, garantir água no solo, através de cobertura do solo porque é dali que sai toda a riqueza, mas também a gente tem um trabalho para armazenar água para produção e várias formas de estoque de água e também implantamos estruturas de reúso de águas cinzas, como resíduos de águas brutas que têm ajudado bastante os agricultores no sentido de que sofram menos com o impacto das secas”, elenca o subcoordenador do componente produtivo do Pró-Semiárido, Carlos Henrique Ramos.
No caso das tecnologias de reúso de água, além de assegurar água para a produção de alimentos para consumo humano (fruteiras) e animal, a reutilização permite que milhões de litros de água deixem de ser desperdiçados, e esgotos a céu aberto deixem de existir, diminuindo o risco de doenças, infestação de insetos e mau cheiro.
A agricultora e Agente Comunitária de Saúde (ACS), Jousevana dos Santos, da comunidade Curral Novo, em Juazeiro, destaca a importância do bioágua para as famílias. “Além de contribuir com a economia da residência e com a geração de renda, você tanto vai consumir o que produz quanto vai dar para a alimentação do animal, como também é um grande aliado da saúde. Eu acho que uma tecnologia como o bioágua deve ser difundido em outras comunidades, principalmente, na área rural”. Uma família com quatro pessoas que utilizam o bioágua chega a recuperar, por ano, 126 mil litros de água que seriam perdidas.
Adailton Almeida é agricultor e também Agente Comunitário de Saúde na comunidade Açude da Rancharia, no município de Juazeiro. Lá, o Pró-Semiárido, junto com outros parceiros, ajudou a implantar um sistema de reúso de água coletivo, que beneficia 18 famílias e tem capacidade para tratar até 10 mil litros de água por dia.
“Muitas famílias não tinham condições de abrir uma fossa séptica. Atrás dos domicílios encontrava muita água e muito esgoto, barata e muriçoca. A comunidade não percebia o quanto de água a gente desperdiçava, e a gente teve que conscientizar as pessoas da importância. Pelo Pró-Semiárido, com o reúso de água, na própria propriedade a gente faz alimento para o animal. O melhor tratamento que a gente tem e a melhor qualidade de vida é porque a gente tem saneamento básico hoje”, afirmou Adailton.
O Pró-Semiárido é um projeto executado pela CAR, empresa pública vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) com cofinanciamento do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida).