O café é, para muitos brasileiros, mais do que uma bebida: é um ritual, um conforto e uma tradição que atravessa gerações. Mas, nos últimos meses, o preço desse item essencial tem amargado o bolso do consumidor. A alta descontrolada do café torrado e moído tornou-se um pesadelo para os brasileiros, que já enfrentam outras pressões inflacionárias.
Amanda Ferreira Costa, aposentada e moradora de Feira de Santana (BA), é uma dessas consumidoras que sentiu o impacto diretamente. Há apenas um mês, ela comprava sua marca favorita de café por R$ 12,99. No último dia 23, ao voltar ao mesmo supermercado, deparou-se com um novo preço: R$ 19 pela mesma embalagem de 500 gramas. “Subiu muito. A mesma marca está R$ 19. Eu optei por um café mais barato. Não tem a mesma qualidade, mas é um absurdo o aumento”, lamentou Amanda.
Essa realidade não é exclusiva de Feira de Santana. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que, em 2024, o aumento do preço do café torrado foi de impressionantes 33%. E o cenário para 2025 também é preocupante, com previsão de mais 15% de reajuste apenas no primeiro mês do ano. Em algumas regiões do país, marcas populares já ultrapassam a marca de R$ 60 por quilo.
O que explica tamanha alta? Especialistas apontam uma combinação de fatores. A seca prolongada em importantes regiões produtoras, como Minas Gerais e São Paulo, reduziu a oferta do grão. Paralelamente, o aumento dos custos de produção – como fertilizantes, mão de obra e transporte – e a alta do dólar, que encarece insumos importados, também contribuíram para o cenário atual. Além disso, a exportação de café para o mercado internacional segue aquecida, o que diminui a disponibilidade interna e pressiona os preços.
Enquanto isso, o consumidor brasileiro paga a conta. Para muitos, como Amanda, a solução tem sido buscar marcas mais baratas ou reduzir o consumo. No entanto, isso também gera um dilema, já que a qualidade do produto é diretamente proporcional ao preço, e o café de menor custo nem sempre entrega o mesmo sabor e aroma que tão bem representam o Brasil.
O café, antes uma paixão nacional acessível a todos, corre o risco de se tornar um artigo de luxo para muitos lares. Resta saber até quando o brasileiro estará disposto a sacrificar a qualidade do seu tradicional cafezinho ou mesmo abri-lo mão por completo.