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ECONOMIA - 29/09/2023

Pesquisa revela que 115 milhões de brasileiros só realizaram sonhos materiais com parcelado sem juros no cartão

Pesquisa revela que 115 milhões de brasileiros só realizaram sonhos materiais com parcelado sem juros no cartão

Levantamento inédito realizado entre consumidores que utilizam o cartão de crédito revela que quase 115 milhões de brasileiros só conseguiram conquistar seus sonhos porque puderam comprar na modalidade de parcelamento sem juros.

A pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva para entidades ligadas ao setor de comércio e serviços mostra a importância do crédito na economia e as possíveis consequências do fim do parcelado sem juros. Ainda segundo a sondagem, o parcelamento sem juros está mais presente em categorias com ticket médio mais alto, como eletrodomésticos, viagens e eletroeletrônicos, demonstrando o importante papel do consumo planejado. Entre os compradores de itens essenciais da chamada linha branca, como geladeira, fogão e micro-ondas, nos últimos 12 meses, por exemplo, cerca de 76% afirmam que parcelaram suas compras. Esse mesmo número de brasileiros também conquistou o tão sonhado passeio graças ao parcelamento da viagem e da hospedagem sem acréscimos.

A pesquisa também aferiu que, entre quem comprou eletroeletrônicos, como TVs e computadores, no último ano, 71% parcelaram as compras, assim como 67% entre os que adquiriram peças de vestuário e 61% entre quem adquiriu serviços de educação/cursos, tiveram acesso graças à diluição dos valores sem acréscimo no crédito.

Cerca de 113,5 milhões de brasileiros (74% dos pesquisados), teriam que adiar seus sonhos se não tivessem essa opção na hora de adquirir um bem ou serviço. Apenas 11% das pessoas discordaram dessa afirmação. A preferência por esse modelo pode ser observada, ainda, quando se avalia a amostragem de pessoas que optariam por uma nova compra de R?1.000 em 10 vezes sem juros no cartão de crédito a 12 vezes com juros no crediário.

Para o presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, os dados são um lembrete de que o parcelamento sem juros vai muito além da escolha de pagamento. “Ele é um catalisador que torna sonhos em realidade para quase 115 milhões de brasileiros. Se retirarmos essa ferramenta das mãos dos consumidores, não apenas adiaremos sonhos, mas também estagnaremos a retomada econômica do país.”

Impactos
Cerca de 80% dos consumidores brasileiros (aproximadamente 123,3 milhões de pessoas) desistiriam da compra de alguns produtos e serviços se a empresa não desse a opção de parcelar sem juros, apurou o levantamento. 78% dos entrevistados informaram que comprariam menos do que costumam atualmente, caso não fosse mais possível dividir sem juros, adiando seus sonhos.

Para o Presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), José César da Costa, os dados acendem um alerta para o setor. “O crédito sem juros é um dos principais aliados dos empreendedores para manterem seus negócios. Qualquer empresa ficaria economicamente inviável sem esse modelo, culturalmente praticado no Brasil, gerando grandes prejuízos à economia do País”, avalia.

A sondagem indicou os setores que seriam mais prejudicados: 64% declararam que o fim do parcelamento sem taxas prejudicaria muito no consumo de eletrodomésticos; 63% indicaram o setor de eletrônicos; 57% responderam passagens aéreas/hospedagem; e 53% apontaram o ramo de educação/cursos.

Outro setor que seria afetado pelo fim das parcelas sem juros é o da construção civil. De acordo com o Presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), Geraldo Defalco, “o cartão de crédito é a ponte que conecta os consumidores aos seus sonhos. Acabar com as compras sem juros irá adiar ou interromper a aspiração de conquistar um imóvel, trabalhar uma reforma da casa ou erguer o próprio negócio. Pode ser um desastre para esse ramo e tantos outros.”

O estudo evidencia que os consumidores também se opõem ao fim do parcelamento sem juros. Um recorte mostra que 102 milhões de brasileiros são contra o fim dessa modalidade.

Endividamento
Diferente do que está no inconsciente popular, influenciado pelo que é propagado por atores diversos do mercado, a pesquisa revelou que há maior parcela de inadimplentes entre quem não tem cartão de crédito do que entre aqueles que possuem - 53% das pessoas que estão com os pagamentos atrasados não utilizam cartão de crédito contra 34% dos que fazem uso desse recurso.

O levantamento questionou também se os brasileiros acreditam que ficariam mais endividados caso os parcelamentos no cartão passassem a ter juros. Aproximadamente 77% responderam que ficariam devendo caso todas as compras tivessem algum acréscimo. Isso representaria quase 117,4 milhões de pessoas a mais com dívidas.

Para o Presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci, esse recorte da apuração pode ser um recado ao Senado, onde tramita o Projeto de Lei 2685/2022, já aprovado pela Câmara dos Deputados, que limita os juros dos cartões de crédito e cria o programa Desenrola Brasil. “Acabar com o parcelamento sem juros vai na contramão dessa iniciativa. Liberdade de escolha e acesso ao crédito sem juros são direitos conquistados em muitos anos, promovendo inclusão financeira e possibilitando o planejamento responsável das finanças pessoais”, completa.

O levantamento concluiu ainda que mais da metade dos brasileiros têm conhecimento sobre o possível fim do parcelamento sem juros. “Os congressistas estão atentos a isso e estamos convictos que não permitirão o fim ou o aleijamento de um modelo tão importante para o País”, acrescenta Solmucci.

A pesquisa
A apuração do Instituto Locomotiva foi feita entre os dias 30 de agosto e 11 de setembro de 2023 com 1.000 consumidores das classes A, B, C, D e E. A pesquisa quantitativa de autopreenchimento com portadores de celular ouviu homens e mulheres com mais de 18 anos. Foi encomendada pela Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad), Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Associação Brasileira de Tecnologia para o Comércio e Serviços (Afrac), Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco) e Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. Os recortes podem ser acessados no documento anexo.


FSB Comunicação
Jonathan Jayme

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