Uma livre tradução de Luzhniki para o português poderia ser “campo dos sonhos”. As 32 seleções classificadas para a Copa do Mundo têm como meta pisarem o gramado do portentoso estádio de Moscou, palco da final do dia 15 de julho, mas poucas têm o privilégio de conhecê-lo antes.
O Brasil é uma delas, no amistoso desta sexta-feira contra a Rússia, às 13h. O estádio foi reformado num projeto caríssimo para abrigar o jogo de futebol mais importante do mundo, a decisão da taça, e também a abertura, entre Rússia e Arábia Saudita, no dia 14 de junho.
Com capacidade atual de 81 mil pessoas, ele receberá nesta tarde uma torcida fervorosa pela seleção local, evidentemente, mas o Brasil espera dar um passo definitivo para ganhar o carinho dos russos na Copa do Mundo.
Uma sequência de ações visa conquistar o público. Os jogadores da Seleção dirão palavras de afago no telão do Luzhniki. Em russo, evidentemente. Na entrevista coletiva da última quinta-feira, Tite se arriscou no idioma quando elogiado por uma jornalista local que fala português.
– Qual seu nome? Julia? Spasíba, Júlia – disse o técnico. É a tradução de "obrigado".
Antes de levantar de sua cadeira, Tite ainda falou: "Do svidaniya", uma saudação de despedida de para quem se vai encontrar novamente em breve. Um "até logo". Ouviu-se tímidos aplausos na sala de entrevistas. A CBF considerou uma ovação, vindo do sisudo povo russo, pouco amável no trato, sobretudo com estrangeiros.
Em 2014, a Alemanha teve enorme êxito ao aproximar seus jogadores de uma realidade brasileira: eles visitaram favelas, dançaram com índios, entregaram presentes, e se tornaram queridinhos mesmo depois do 7x1 do Mineirão. A torcida no Maracanã apoiou maciçamente os europeus na final contra a Argentina, ignorando a goleada de dias antes diante da rivalidade sul-americana.
Em Sochi, logo na primeira semana de treinamentos, está nos planos do coordenador técnico Edu Gaspar uma atividade aberta ao público. É uma exigência da Fifa, mas novos mimos estão planejados. Pelas ruas de Moscou, palco do amistoso, o Canarinho, mascote da Seleção, andou por pontos turísticos, como a Praça Vermelha, tirou fotos, e, nesta sexta, antes do jogo, participou de uma divulgação ao lado do Zabivaka, mascote oficial da Copa do Mundo.
Por mais que o Luzhniki remeta à final da Copa, entretanto, tem sido tratado com um "desdém necessário" para o momento.
– Quem é que não sonha? Todos da Copa do Mundo sonham estar aqui na final. Temos que fazer o melhor trabalho e ele está no jogo de amanhã – disse Tite, numa frase bem típica.
Seu auxiliar, Cleber Xavier, foi mais fundo:
– Parece que estou num lugar qualquer.
Não é um lugar qualquer. O Brasil quer dizer, depois do apito final desta sexta, um "até logo". Ou "Da Svidanyia", como ensinou Adenor.
Local: estádio Luzhniki, em Moscou (RUS)
Data e horário: sexta-feira, às 13h (de Brasília)
BRASIL: Alisson, Daniel Alves, Thiago Silva, Miranda e Marcelo; Casemiro, Paulinho e Coutinho; Willian, Douglas Costa e Gabriel Jesus. Técnico: Tite
Desfalques: Neymar (fratura no quinto metatarso do pé direito), Filipe Luís (fratura na fíbula da perna esquerda) e Alex Sandro (lesão muscular na coxa direita)
RÚSSIA: Akinfeev, Smolnikov, Granat, Kudriashov, Kutepov e Jirkhov; Glushakov, Dzagoev, Mirantchuk e Galavin; Smolov. Técnico: Stanislav Cherchesov
Arbitragem: Aleksei Kulbakov (BLR), auxiliado por Dzmitry Zhuk e Aleh Maslianka (ambos de Belarus)
Transmissão: TV Globo (com Galvão Bueno, Casagrande, Júnior e Arnaldo Cezar Coelho), SporTV (com Luiz Carlos Jr, Lédio Carmona e Roger Flores), reportagens de Tino Marcos, Mauro Naves e Marcelo Courrege, e GloboEsporte.com
Tempo Real: GloboEsporte.com, a partir das 11h30
GE