Novos trechos da delação de Carlos Miranda - operador do esquema de corrupção no governo de Sérgio Cabral - revelam, pela primeira vez, detalhes de pagamento de proprina envolvendo o estado e a empresa de telefonia Oi.
Miranda afirmou que, em 2008, Cabral o informou que houve acerto entre o governo do estado e a Oi para renovação do contrato de telefonia e que o valor de propina ajustado foi de R$ 4 milhões.
O delator contou que o valor foi ajustado com Rogerio Nora, ex-presidente da Andrade Gutierrez - que erar uma das controladoras da Oi. Miranda também disse que os valores eram pagos por Alberto Quintaes, outro ex-executivo da empresa.
Carlos Miranda disse que Cabral mandou dar R$ 500 mil para Wilson Carlos, então secretário de governo por prêmio pela negociação, e que o dinheiro foi enviado ao exterior. O delator também disse que outros 500 mil para Regis Fichtner, então secretário da Casa Civil. A propina teria sido entregue no escritório de advocacia de Fitchner.
Miranda disse ainda que ouviu de Cabral que parte dos valores das vantagens indevidas destinadas ao ex-governador foi paga por meio de contrato de advocacia firmado com o escritório da ex-primeira-dama Adriana Ancelmo. Miranda diz que não sabe dizer, porém, se isso de fato aconteceu.
Segundo as investigações, Carlos Miranda gerenciava o recolhimento de propina da organização criminosa que se instalou no governo do estado.
Miranda já tinha apontado corrupção em áreas do governo estadual como comunicação, ciência e tecnologia, obras, planejamento e na Loterj.
Questionada se executivos da Andrade Gutierrez omitiram informações sobre o suposto pagamento de propina entre a Oi e Cabral, a Procuradoria Geral da República informou que os acordos de colaboração premiadas seguem regras e se comprovada omissão ou mentira, há sanções previstas. Mas não há como confirmar nesse momento.