A marqueteira Mônica Moura voltou a afirmar em depoimento ao juiz Sérgio Moro, nesta sexta-feira (10), que negociou valores para campanha de 2014 diretamente com Dilma Rousseff. A ex-presidente nega.
"Pela primeira vez na vida eu negociei diretamente com uma presidente e com candidato, valores. E depois ela me encaminhou a Guido [Mantega, ministro da Fazenda à época] para que eu resolvesse a parte por fora. A parte por dentro, não, foi toda negociada com ela o valor, mas o partido pagou, nota fiscal, o tesoureiro da campanha", disse a marqueteira.
A empresária relatou que encontrou-se três ou quatro vezes com Guido Mantega, na casa dele, em Brasília, para acertar os pagamentos "por fora" negociados com Dilma. Em um dos encontros, disse ter questionado sobre a origem dos valores.
"Cheguei lá [no Guido] com a negociação fechada e disse: 'Acertei isso com a presidente e ela me disse que o senhor vai dizer como é que vamos fazer'. Aí, mais uma vez: 'Vai ser a Odebrecht'", disse a empresária.
No depoimento, Mônica também citou pagamentos via caixa 2 feitos pela Odebrecht nas camapanhas de Fernando Haddad e Patrus Ananias, para prefeito, em 2012, além de campanhas no exterior. Haddad também nega a versão.
A ação em que Mônica foi ouvida é sobre pagamentos não contabilizados da Odebrecht para o casal de marqueteiros, feitos no Brasil e no exterior.
Mônica Moura e o marido, João Santana, foram responsáveis pelas últimas três campanhas do PT à Presidência da República e são acusados pelos procuradores da Lava Jato de receber dinheiro ilegal do setor de propinas da Odebrecht.
O Ministério Público diz ter identificado nas planilhas da Odebrecht repasses que somam R$ 23,5 milhões, entre 2014 e 2015, quando a Operação Lava Jato já estava em andamento. Mônica e João alegam que receberam apenas parte do valor.
O Partidos dos Trabalhadores afirmou que que a Lava Jato arma espetáculos de olho nas eleições e que, desta vez, foi para criar notícias falsas contra o partido às vesperas do registro oficial da chapa de Lula e Haddad à Presidência da República.
A assessoria de Dilma Rousseff afirmou que ela nunca negociou doações eleitorais ou ordenou qualquer pagamento ilegal a prestadores de serviços em campanhas ou fora delas. E que as declarações de Mônica Moura são mentirosas e descabidas.
A assessoria de Haddad repetiu as declarações do PT, de que a Lava Jato arma espetáculos de olho nsa eleições e que, desta vez, foi para criar notícias falsas contra o partido às vesperas do registro oficial da chapa de Lula e Haddad à Presidência da República.
O deputado Patrus Ananias declarou que o PT foi responsável pela parte financeira da campanha dele em 2012 e que não teve nenhum envolvimento com a captação de recursos.
A defesa de Guido Mantega disse que só vai manifestar no processo, depois de analisar a denúncia.
A Odebrecht declarou que continua colaborando com as autoridades.
G1