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NOTÍCIAS - 30/06/2019

Cresce número de mulheres sob proteção judicial em Feira de Santana

Cresce número de mulheres sob proteção judicial em Feira de Santana

"Por muitos anos eu me calei, sofri, sangrei e levo essas marcas no meu corpo até hoje”, disse a mvítima Cristina, de 37 anos. A lei federal 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha, foi um marco significante no combate à violência contra a mulher e uma das formas de coibir as agressões está assegurada nas chamadas medidas protetivas.


Em Feira de Santana, o número de mulheres sob proteção judicial teve um acréscimo de 19,6%, comparado com o mesmo período de 2018. No ano passado, no primeiro semestre a Delegacia Especial de Atendimento a Mulher (Deam) registrou 1.615 ocorrências com 234 medidas protetivas. Em 2019, o órgão registrou 1.624 ocorrências com 280 medidas protetivas.


De acordo com a delegada Erundina Nunes, este aumento pode ser justificado com o encorajamento feminino em realizar a denúncia. “As mulheres tinham medo e ficavam no anonimato. Hoje, com as ferramentas de proteção e o poder da mídia, a vítima se sente mais segura para denunciar e entende o seu papel e a sua importância na sociedade”, disse.


“A medida é cautelar. Tem o objetivo de proteger a integridade da mulher e evitar que o agressor se aproxime sobre qualquer forma ou meio de comunicação. E observamos também que a idade média dessas mulheres está entre 18 e 40 anos, além das exceções”, completou.


Cristina conta que só teve coragem de pedir ajuda judicial há 8 meses. “Eu era ameaçada constantemente, as minhas dores eram constantes. Fui casada por 6 anos e após o nascimento do nosso primeiro filho, que hoje tem 3 anos e meio, as agressões começaram. No início, eu ouvia muitos xingamentos e recebia empurrões, mas com o passar do tempo, ele, que sempre foi ciumento, começou a demonstrar um lado super possessivo”, disse.


“Ele me privou de sair. Ouvia diariamente que eu estava feia. E os meses foram passando e as agressões aumentavam. Eram chutes, mordidas, socos e ele dizia que se eu contasse para alguém que tudo seria pior. Meu corpo era marcado, eu passava maquiagem para disfarçar os roxos. Mas, durante a nossa última discussão, em que ele estava embriagado, ele pegou uma faca e veio em direção a mim. Eu peguei nosso filho e fui para a delegacia”, conta.


“Durante esses 8 meses, morei em dois lugares. Eu só queria fugir daquele pesadelo. Retornei para Feira, estou reconstruindo a minha vida e aguardo o processo judicial, sob medida projetiva. Eu sei que muitas mulheres ainda passam por isso, mas nós somos fortes e podemos mudar essa história. Denunciar é o primeiro passo”, finaliza a vítima.  FOLHA DO ESTADO

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