O Dia da Consciência Negra, lembrado em 20 de Novembro, será marcado por um ato unificado, intitulado Marcha contra o Fascismo. O protesto ocorrerá neste sábado (19), com concentração às 9h, em frente à Prefeitura, seguida de caminhada pelas ruas da cidade e encerramento em frente ao Mercado de Arte. O mote da mobilização deste ano é Por um Brasil com Democracia e sem Racismo, conforme estabelecido nacionalmente pelo movimento negro.
Ainda como parte das atividades alusivas à data, será realizada no próximo domingo (20), às 8h30, uma panfletagem na feira livre da Estação Nova. A mobilização foi definida na plenária do Movimento Juntos pelo Brasil contra o Fascismo, que contou com a participação do Movimento Negro Unificado (MNU) e da Frente Negra Feirense (FRENE).
O Movimento Juntos pelo Brasil contra o Fascismo é composto por diversas entidades, partidos políticos e movimentos sociais de Feira de Santana, incluindo a diretoria da Associação dos Docentes da Universidade Estadual de Feira de Santana (Adufs). Em 2021 e 2022, o grupo discutiu e organizou importantes mobilizações contra as políticas ultraliberais genocidas do presidente Jair Bolsonaro. Os manifestantes foram às ruas da cidade em diversos momentos condenar as ameaças do governo federal à democracia; instituições públicas; direitos trabalhistas; vida da população negra; indígena e LGBTQIAP+; às políticas sociais e ambientais; à morte de milhares de pessoas por conta da condução criminosa da pandemia causada pela Covid-19, entre outros ataques. Concomitantemente, os presentes aos protestos reivindicaram comida, emprego, vacina, revogação das reformas Trabalhista e da Previdência; Reforma Agrária; mais a suspensão de privatizações das empresas públicas.
Desigualdades
Em função da luta e resistência do povo negro, houve importantes avanços no Brasil, nos últimos anos. No entanto, as pessoas brancas concentram os maiores índices econômicos e sociais, enquanto negros continuam em situação de vulnerabilidade, com menor acesso a emprego, saúde, educação, segurança e moradia, por exemplo. A situação se agravou ainda mais sob o governo racista de Bolsonaro, que aprofundou as desigualdades raciais e perpetrou o genocídio do povo negro.
Segundo o estudo: Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estática (IBGE), divulgado em novembro deste ano, em 2021, a proporção de pessoas pobres no país era de 18,6% entre os brancos e 34,5% entre os pretos; a taxa de desocupação foi de 11,3% para a população branca e 16,5% para a preta; e o rendimento médio dos trabalhadores brancos foi R$3.099, enquanto o de negros foi R$1.764. Quando observado o recorte por nível de instrução, a desigualdade se repete. As pessoas brancas com ensino superior completo ou mais ganharam em média 50% a mais. Ainda de acordo com o estudo do IBGE, 19,7% das pessoas negras residiam em domicílios sem documentação da propriedade, enquanto as brancas eram 10,1%. Em 2020, houve 49,9 mil homicídios no país, ou 23,6 mortes por 100 mil habitantes. Entre as pessoas brancas, a taxa foi de 11,5 mortes por 100 mil habitantes. Entre as negras, foi de 21,9 mortes por 100 mil habitantes.
Na Bahia, a estrutura racista também vitima a população negra em diversas áreas. Sob o governo Rui Costa, essa população tem sido dizimada. Segundo o boletim Pele alvo: a cor que a polícia apaga, publicado pelo Observatórios de Segurança na quinta-feira (17), das 616 pessoas mortas em decorrência de intervenção de agentes do Estado em 2021, 603 eram negras. O número representa 97,9% dos casos. O percentual é o maior entre os sete estados monitorados pela Rede.
Os dados reafirmam a necessidade de no mês de novembro, mais do que memorar as conquistas, discutir estratégias para o enfrentamento do racismo e fortalecer a luta antirracista.
Assessoria de Comunicação