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NOTÍCIAS - 21/09/2023

Daniel Alves, Robinho, Antony… por que tantos jogadores envolvidos em casos de violência contra mulher?

Daniel Alves, Robinho, Antony… por que tantos jogadores envolvidos em casos de violência contra mulher?

Não é assunto novo a violência contra a mulher por jogadores de futebol. Ao passar dos anos, surgem na mídia mais e mais casos que demonstram um outro lado de atletas que muitos brasileiros têm como inspiração. Após os escândalos e crimes, vários continuam suas vidas como se nada tivesse acontecido. Outros somem aos poucos do holofote. Poucos são os punidos. Mas fica a pergunta: por que há tantos casos que envolvem atletas do meio?

Para Gustavo Bandeira, doutor em Educação e autor de estudos sobre a masculinidade e o futebol, a frequência em casos de violência sexual e agressões tem como um dos fatores o histórico de autorização desses atletas em comportamentos “desviantes”.

O caso mais recente é o de Antony, que foi afastado do Manchester United, time que fazia parte desde o ano de 2020. O atleta também foi desconvidado do jogo da Seleção brasileira contra a Bolívia e o Peru pela primeira fase das Eliminatórias da Copa de 2026 após o UOL repercutir prints e áudios que mostram supostas conversas entre o jogador e a sua ex-namorada, a DJ influencer Gabriela Cavallin. O material confirmaria agressões e ameaças que ele fez à mulher.

Ex-jogador do Santos, Robinho é mais um atleta envolvido em violência contra a mulher. Ele  foi condenado por envolvimento em estupro coletivo na Itália. O crime ocorreu em Milão, em 2013, e a pena imputada foi de nove anos de prisão. Mas ele segue sem ser punido, pois a defesa faz de tudo para que a condenação não chegue ao abusador.

Raízes do problema

O problema não é o futebol, mas uma estrutura gerada socialmente, como explica Gustavo Bandeira ao Metro1. “A gente tem uma sociedade extremamente violenta, extremamente machista e um ambiente bastante permissivo, um ambiente onde os jogadores que têm uma boa performance dentro de campo estão autorizados a fazer qualquer coisa", explicou. 

A lista é extensa. Outro caso é o do atleta baiano Daniel Alves, preso há mais de seis meses. Ele é acusado de ter estuprado uma mulher em boate na cidade de Barcelona, na Espanha. O episódio teria ocorrido durante a madrugada do dia 30 para 31 de dezembro de 2022, na casa noturna Sutton. O jogador foi formalmente acusado pela Justiça da Espanha, mas ainda não há uma data marcada para o julgamento.

Após o caso Daniel Alves, a Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal aprovou, na última quarta-feira (14), um relatório que reúne projetos que visam a proteção da mulher no país e firmou um protocolo chamado de “Não Nos Calaremos”. A proposta tem a relatoria da senadora Mara Gabrilli (PSD-SP) e segue para votação na Casa. O texto traz orientações para prevenir e identificar casos de assédios em diversos estabelecimentos no país, como também transporte gratuito para vítimas a um local seguro.

Para Celi Taffarel, especialista em Ciência do Esporte, mestre em Ciência do Movimento Humano e doutora em Educação, jogadores que são violentos fazem parte de um sistema de valores. “Esse sistema tem a ver com as relações sociais de produção da vida que são relações opressoras e exploradoras, escravocratas, patriarcais e que, durante milênios vem tornando as mulheres sujeitas dentro de casa, fora de casa e nos espaços públicos”, ressaltou. 

A formação dos atletas

Há de se pensar também em como esses atletas são formados. Para Bandeira, o futebol ainda é um esporte feito de homens para homens, em que desvaloriza àqueles que não se encaixem em um perfil que seja “disposto a episódios de violência dentro e fora de campo”. “Um homem que não leva desaforo para casa, um homem que tem que aguentar pressões e violências maiores que a média. Essa formação de jogadores, muito vinculada à prática do futebol, acaba sendo uma dificuldade, e auxilia a formar pessoas que não têm muita empatia e que não conseguem valorizar  outras pessoas”.

Falar da saúde mental também é necessário visto que só no Brasil há 18.677 atletas profissionais, de acordo com um levantamento da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) de 2022. Segundo a psicóloga Wanessa Torres, há um claro desequilíbrio emocional dentro dessa categoria. “Por trás da figura do atleta existe um ser humano e cuidar da saúde mental dos atletas não significa apenas se preocupar com os resultados dentro do campo”, pontuou.

Por Metro 1


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