Todo final de ano a preocupação reaparece: donos de cães e gatos temem os prejuízos à saúde de seus pets durante a queima de fogos nas comemorações de Réveillon. Embora seja uma tradição, o foguetório provoca intenso estímulo visual e sonoro nos animais. Isso representa um perigo ao bem-estar e pode gerar tanto danos imediatos quanto a longo prazo, como estresse, ataques de pânico, convulsões e doenças cardíacas. A médica veterinária Leane Souza, professora da Universidade Salvador (UNIFACS), afirma que os tutores têm razão em ficar aflitos, pois os pets possuem uma sensibilidade sensorial bem aguçada. Ela explica que, apesar de anatomicamente parecido com o dos seres humanos, seu sistema auditivo consegue captar até sons ultrassônicos. “O campo auditivo dos humanos está entre 20 e 20.000 Hz, enquanto dos cães e gatos de 15 a 40.000 Hz. É justamente esse fator que os tornam mais vulneráveis a determinados sons e barulhos”, esclarece. As explosões e estouros dos fogos podem causar ansiedade, medo e a chamada resposta de luta ou fuga, uma reação desencadeada pela liberação de hormônios que preparam o organismo para lidar ou tentar escapar de uma ameaça. Por causa disso, a especialista adverte sobre os perigos de acidentes físicos e traumas. “Já recebemos um paciente que pulou pela janela da área de serviço e fraturou a coluna, ficando paraplégico”, conta a docente. Para driblar problemas como esse, a recomendação é o olhar atento diante dos possíveis sinais de desconforto, fobia ou desespero. Entre eles, estão: agitação, salivação, tremores, choros e latidos excessivos, aumento da frequência cardíaca e dilatação da pupila. Além desses indícios, no decorrer de eventos barulhentos, os animais podem se esconder, cavar e arranhar paredes, chão ou móveis; e destruir portas e janelas na tentativa de fuga. Isso também é sinônimo de risco, já que eles tendem a se machucar, se perder ou virar alvos de atropelamentos. | |
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O que os tutores podem fazer? Leane Souza sugere algumas medidas para amenizar o sofrimento dos pets nesses casos. A primeira delas é evitar colocá-los no colo, abraçá-los ou oferecer petiscos nos momentos de muito barulho. Mesmo com a intenção de acolhimento e proteção, essas ações acabam levando à associação a situações de estresse e ansiedade, podendo desencadear um comportamento destrutivo, retraído ou agressivo. Outra dica é nunca deixar o animal sozinho na hora da queima de fogos e abafar o som fechando o máximo de portas, cortinas e janelas. Além disso, é importante prezar pela preparação de um espaço acolhedor, seguro e confortável. “Coloque som no ambiente, se possível com frequências de relaxamento. Também vale espalhar brinquedos (bolinhas, túneis, caixas de papelão) e utilizar aromaterapia, como essência de lavanda. Mais uma estratégia é deixar sempre disponível uma caixinha de transporte para que se sintam abrigados. E, acima de tudo, jamais permita o acesso a varandas, janelas e piscinas”, aconselha a veterinária. Em casos extremos, ainda é indicado o uso de tranquilizantes e sedativos. No entanto, apenas médicos veterinários com registro junto ao Ministério da Agricultura têm permissão para receitar esses tipos de medicamentos. Sem a devida indicação do especialista, podem causar sérios efeitos colaterais. “O uso inadequado pode provocar hipotensão, a famosa queda na pressão arterial, e até mesmo o óbito. Dependendo da espécie, existem medicamentos que não devem ser prescritos por serem nefrotóxicos, ou seja, perigosos à saúde dos rins, e hepatotóxicos, por fazerem mal ao fígado”, alerta a professora da UNIFACS, integrante do maior e mais inovador ecossistema de qualidade do Brasil: o Ecossistema Ânima. Por Assessoria |