Um professor do Ensino Médio fez um teste com seus alunos. Cada um deles, no espaço de um minuto, deveria escrever três pedidos. Em sua maioria, os pedidos falaram de casa, automóvel, bom emprego, uma passagem gratuita para a Europa. Cerca de 90% pediram coisas. Eles e elas privilegiaram o ter e não o ser.
AS RESPOSTAS encaminham para algumas questões: o que me faz feliz e qual o sentido da minha vida? O escritor Roberto Shinyashiki afirma: “As duas realidades que justificam uma vida são: crescer na espiritualidade e no serviço à sociedade”. Isso não depende daquilo que temos, mas daquilo que somos. A escolha está de acordo com a sabedoria do Evangelho, que indica a realização humana no amar a Deus e ao próximo.
PASSANDO um olhar pela história, nos damos conta de que as personalidades que dignificaram a raça humana adotaram essa postura. É o caso de Francisco de Assis, Mahatma Gandhi, Luther King, Dom Bosco, Irmã Dulce, Tereza de Calcutá. Muitas pessoas, em todas as épocas, adotaram esse caminho e foram felizes. A pessoa humana é demasiadamente grande para ser preenchida com realidades terrenas.
TODOS os bens que possuímos neste mundo, possibilitam momentos felizes, mas não trazem a felicidade. A ironia de tudo é que ninguém se satisfaz com aquilo que possui. Muitos se privam do necessário, não se alimentam bem, não cuidam da saúde, não tiram férias e deixam até de praticar a caridade para adquirir sempre mais bens e amontoar dinheiro em bancos com medo que ele venha a faltar amanhã. Pessoas gananciosas podem ter muito dinheiro e ainda assim serem infelizes. A ganância e a avareza são ridículas!
SE FÔSSEMOS informados de que temos apenas três meses de vida, como agiríamos? Muitas coisas que consideramos importantes tornar-se-iam secundárias. Por outro lado, coisas que até agora pouco nos preocupavam, assumiriam importância decisiva. Mas, ninguém de nós tem garantia de viver três meses. Se uma coisa é importante, não devemos deixar para amanhã. Quando a deixamos, é por que ela não nos parece importante. Crescer em espiritualidade e no serviço são as mais importantes. Não podemos deixar para próximo ano, nem para a semana que vem.
JESUS nos revelou o caminho para a felicidade: amar a Deus e amar aos irmãos. E igualou os dois mandamentos. Há mil maneiras de amar o próximo, mas uma só de amar a Deus: amando o próximo. Bendito aquele que semeia otimismo, esperança e paz! A alegria de servir aos irmãos e irmãs é a nossa melhor recompensa. Jesus mesmo nos ensinou: “Estou no meio de vocês como alguém que serve”. (Lc.22-27).
Dom Itamar Vian
Arcebispo Emérito