Na última sexta-feira, 25, foi lançado o minidocumentário “Feitos de Café: a história do café na cidade de Brejões”. O filme reuniu mais de vinte entrevistados que vivenciaram uma época importante que tornou a cidade reconhecida mundialmente pelo cultivo do café. O minidocumentário foi idealizado e lançado por duas brejoenses, Karine Mascarenhas, jornalista, e Tâmara Brandão, publicitária.
Um fator comum uniu as idealizadoras no projeto: o desejo de homenagear a cidade natal. Ambas acreditam que tudo o que conquistaram ao longo de suas carreiras se deve, em grande parte, à cidade, aos laços familiares e de amizade que construíram. O lançamento foi feito em Brejões, na véspera do centenário da cidade e reuniu a comunidade e autoridades locais.
Mergulhando na história do café em Brejões, a 338 km de Salvador, o minidocumentário revela a importância da Fazenda Agribahia. Entre as décadas de 80 e 90, essa fazenda se destacou como a maior produtora de café da América Latina, cultivando mais de 2.000 hectares e alcançando a impressionante marca de 7 milhões de pés de café. A produção cafeeira de Brejões, com a Agribahia como protagonista, marca um capítulo importante na história da cafeicultura brejoense, baiana e brasileira.
A fazenda também colhia cerca de 2.000 sacas de café diariamente e o café produzido era conhecido pela sua alta qualidade, pois era despolpado e exportado principalmente para grandes torrefações na Europa, Estados Unidos, Japão e Inglaterra.
Segundo Benedito Silva, que foi gerente agrícola da Agribahia, há relatos de que o café exportado pela Agribahia já foi experimentado pela família real britânica.
"O café Bourbon era reconhecido por sua excelência, com perfil característico suave, corpo médio, acidez equilibrada e doçura marcante com notas de chocolate. Na década de 80, quando a Agribahia exportava seus grãos para Inglaterra, em Londres, há relatos de que o Bourbon era servido em estabelecimentos frequentados pela realeza britânica, atestando sua alta qualidade", afirmou Benedito.
Os presentes no lançamento evidenciaram a alegria em ter um projeto que conta a história que dá origem ao nome Brejões Terra do Café. "Muito importante contar essa história, ninguém nunca havia feito algo parecido, estão de parabéns", disse João Santos, que esteve presente no lançamento e já trabalhou em diversas colheitas das fazendas locais.
Para os que colaboraram com entrevistas no projeto, as grandes safras fizeram com que a cidade tivesse grandes movimentações econômicas, já que vieram pessoas de diversas cidades vizinhas como Itatim, Iaçu, Jaguaquara, Castro Alves, Irajuba, entre outras, para colher café. Era uma época de grande riqueza, que incentivava o comércio local.
Além da Agribahia, o minidocumentário retrata outros exemplos de fazendas da cidade que também foram grandes vetores no cultivo do café, como a fazenda Rio Branco, a fazenda Campo Grande, entre outras. João Lopes, atual presidente da Assocafé (Associação dos Produtores de Café da Bahia), também contribuiu com o projeto.
"Comecei a produzir café em 1970, o que significa que tenho mais de 50 anos de experiência nesse setor. A tradição cafeeira de Brejões é secular: nosso município foi pioneiro no cultivo de café na Bahia, desde os primeiros anos de sua introdução na região , há cerca de 200 anos", disse João Lopes.
O café em Brejões ainda resiste e é importante destacar que, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a Bahia é um dos poucos estados do Brasil que possui uma produção significativa das duas principais espécies conhecidas no mundo — a arábica e a conilon. A produção de café conilon na Bahia está concentrada em quatro microrregiões do estado: Baixo Sul, Litoral Sul, Costa do Descobrimento e Extremo Sul e Brejões está entre as cidades baianas que produzem café do tipo arábica.
O minidocumentário contou com apoio da Lei Federal de Incentivo à Cultura - Paulo Gustavo e Casa do Brejo Centro de Cultura e Cidadania de Brejões.
Para saber informações detalhadas e conhecer a história do café em Brejões, o minidocumentário já está disponível no YouTube através do seguinte link: https://www.youtube.com/watch?v=flMV4V8OQjk
Por Karine Mascarenhas