Vitória Strada lembra bem de uma situação. Na primeira cena que gravou como a protagonista de “Tempo de amar”, a atriz precisou parir um bebê. Na ficção e na realidade, era a primeira vez que a gaúcha de 21 anos dava à luz: estreante na TV — logo num papel principal —, a jovem chegou a pensar, ali, que não daria conta do trabalho.
— Eu não tinha técnica! Precisei aprender a lidar com o jogo das câmeras na hora — assume ela, intérprete da mocinha Maria Vitória na trama das seis, que chega ao derradeiro capítulo nesta noite.
Algo aconteceu. Indicada ao Prêmio Extra na categoria de Revelação Feminina (vote no site: extra.globo.com/tv-e-lazer/premio-extra-tv/), a artista colhe os louros pelo bom desempenho nas telinhas. Agora, deseja apenas descanso. Nas ruas, porém, os fãs insistem em chamá-la pelo nome da personagem. Apesar de o EXTRA já ter adiantado que a heroína terminará nos braços de Vicente (Bruno Ferrari), o povo quer ouvir a revelação dos lábios da atriz.
— Acho muito bom o envolvimento do público. Tudo isso vou guardar com carinho — festeja ela.
Bruno Ferrari, que é concorrente ao Prêmio Extra como Melhor Ator, e Bruno Cabrerizo enchem a boca com o mesmo clichê. “A sensação é de dever cumprido”, avaliam os atores. Nos bastidores, as brincadeiras entre os galãs — que disputaram o amor de Maria Vitória na trama — estabeleceram uma grande amizade.
— Não rolou ciúme — entrega Bruno Cabrerizo, um estreante na TV brasileira (ele era ator em emissoras portuguesas): — Sempre houve uma leveza nos estúdios. Mas é claro que eu embarquei na trajetória de Inácio e vivi o luto amoroso dele.
Autor não dá o braço a torcer
Diante de campanha dos telespectadores pelo casal Maria Vitória e Vicente, Alcides Nogueira mantém o mistério sobre o fim. O autor ressalta que o desfecho ainda é indefinido.
— A novela é uma obra aberta e pode seguir rumos diferentes. Quem acompanha está dividido. Mesmo que houvesse uma torcida estabelecida, não escreveria o final baseado só nisso. Sigo a história que acredito ser a melhor e a mais interessante.
PONTOS POSITIVOS:
- A direção de Jayme Monjardim caprichou nas sequências em locações no Rio Grande do Sul. Não faltaram belas imagens. O apuro estético fez diferença.
- O texto cumpriu a proposta de resgatar aspectos tradicionais do folhetim, com bons mocinhos e memoráveis cenas de briga.
- Bruno Ferrari roubou a cena. Não à toa, o ator arrebanhou o público em torcidas ferrenhas. “Acredito que o Vicente seja o personagem mais bonito de minha carreira”, diz ao EXTRA.
- Outro ponto para a direção: foi uma ousadia escalar nomes desconhecidos para os papéis principais. Os rostos dos novatos (e talentosos) Bruno Cabrerizo e Vitória Strada refrescaram a telinha.
- Boa sacada reunir Regina Duarte e Tony Ramos numa mesma sequência. Os dois contracenaram juntos há 28 anos, em “Rainha da sucata”.
- Nota mil para Marisa Orth e Nelson Freitas. Nomes do humor, ambos acertaram cheio em papéis dramáticos.
PONTOS NEGATIVOS:
- O casal de mocinhos formado por Maria Vitória e Inácio permaneceu mais de 100 capítulos afastado. A distância, óbvio, não gerou química entre os dois. Como torcer pela dupla?
- Por algumas semanas, a sensação era de ligar a TV e ver cenas muito parecidas. As reviravoltas na história demoraram a acontecer.
- Faltou um bom núcleo de humor para suavizar a quantidade excessiva de sofrimento em cima dos protagonistas. O tom melodramático da trama pesou para o telespectador.
- Lucinda (Andreia Horta) e Fernão (Jayme Matarazzo) foram vendidos, no início da novela, como os grandes vilões da história. Ao longo dos capítulos, no entanto, a dupla perdeu função. EXTRA ONLINE