Além deles, Leonardo Mendonça Andrade, chefe do gabinete do deputado Marcos Abrahão (PP), e o chefe do gabinete do deputado André Corrêa (DEM) também foram presos. O último também foi alvo de mandado de busca e apreensão, que resultou na apreensão de uma grande quantidade de dinheiro em sua casa, localizada na Região Oceânica de Niterói, Região Metropolitana do Rio. O atual secretário de governo do Luiz Fernando Pezão, Affonso Monnerat, também foi preso.
Os deputados estaduais Edson Albertassi (MDB) e Paulo Melo (MDB), atualmente presos em Bangu, também são alvos de mandado de prisão da operação desta quinta-feira. Além deles, a operação ainda tem mais 7 alvos: quatro assessores da Alerj, um membro do Detran, um do Governo do Estado, e o último do grupo Facility/Prol.
Atualmente, André Corrêa é líder da mesa diretora e Chiquinho Mangueira é corregedor da Alerj, responsável por fiscalizar os deputados. Em nota, o Governo do Estado declarou que "desconhece os fatos e não teve acesso aos autos do processo".
Na sede da PF, André Corrêa negou todas as acusações. Ele entrou aos gritos de “quem não deve não teme” e em uma breve declaração aos jornalistas afirmou que se eleito presidente da Alerj vai retirar o PSol da Comissão dos Direitos Humanos.
“Sigo com a minha candidatura à presidência da Alerj e reafirmo o meu compromisso de, se eleito [presidente da Alerj], retirar o PSol da Comissão de Direitos Humanos e confio na Justiça do meu país e do Estado, sobretudo na justiça divina. Estou tão tranquilo que nem advogado eu tenho”, declarou.
Cinco dos deputados estaduais presos nesta quinta-feira foram reeleitos na eleição do último mês: Adré Corrêa (DEM), Luiz Martins (PDT), Chiquinho da mangueira (PSC), Marcelo Simão (PP), Marcos Abrahão (Avante) e Marcos Vinícios "Neskau" (PTB).
A operação
Os deputados são suspeitos de usarem a Alerj a serviço de interesses da organização criminosa do ex-governador Sérgio Cabral (MDB), que em troca pagava propina mensal (“mensalinho”), que variava de R$ 20 mil a 100 mil reais, durante seu segundo mandato (2011- 2014). Os valores eram pagos em troca de votos em favor de projetos de lei de interesse da organização.
De acordo com as investigações, a propina resultava do sobrepreço de contratos estaduais e federais. As empresas do Grupo Prol ofereciam as vagas de trabalho prometidas aos deputados estaduais pelo Executivo estadual. Em troca, o Poder Executivo estadual garantia ao Grupo Prol contratos vantajosos com órgãos e pessoas jurídicas vinculadas ao Estado.
Além de Cabral, comandavam a organização investigada os ex-presidentes da Alerj Jorge Picciani e Paulo Melo, presos um ano atrás na Operação Cadeia Velha.
A delação de Carlos Miranda, considerado como o operador financeiro do esquema chefiado pelo ex-governador Sérgio Cabral, foi usada como fonte para a denúncia do Ministério Público Federal que levou às prisões dos deputados estaduais do Rio. Ela indica que André Corrêa recebia R$ 100 mil por mês, Marcos Abrahão e Luiz Martins recebiam R$ 80 mil, e Marcos Vinícios "Neskau" recebia R$ 50 mil.
Na denúncia, há também os valores pagos a Edson Albertassi (R$ 80 mil por mês), Chiquinho da Mangueira (mais de R$ 3 milhões), Coronel Jairo (R$ 50 mil por mês), Jorge Picciani (R$ 400 mil por mês), Marcelo Simão (R$ 20 mil por mês) e Paulo Melo (R$ 900 mil por mês).
Nesta quinta-feria, 48 equipes da PF e 35 membros do MPF na 2ª Região (RJ/ES) e MPF/RJ estão participando da ação, que é um desdobramento Operação Cadeia Velha, deflagrada em novembro de 2017, que prendeu o então presidente da Alerj Jorge Picciani, em prisão domiciliar, e os deputados Paulo Melo e Jorge Albertassi, que cumprem pena em Bangu. A operação investigou esquema de corrupção em que os deputados usavam da sua influência para aprovar projetos na Alerj para favorecer as empresas de ônibus e também as empreiteiras.
O nome da operação faz referência a uma sala de reuniões que fica perto do plenário da Alerj, onde os deputados, segundo as investigações, se reuniam para rápidas discussões antes das votações no plenário. O DIA