Equipes da Polícia Federal estão nas ruas do Distrito Federal e de mais sete estados, na manhã desta quinta-feira (21/2), em megaoperação contra o tráfico internacional de drogas. Pelo menos 15 pessoas foram presas até o momento. João Soares Rocha, apontado pela PF como chefe da quadrilha, foi detido no Pará.
A Operação Flak tem o objetivo de desarticular uma organização criminosa que atua com remessa de drogas para o Brasil e outros países da Europa e dos Estados Unidos, a partir da Colômbia, da Venezuela e da Bolívia. Segundo apontam as investigações, os traficantes usariam pontos de apoio nas cidades de Palmas e Porto Nacional, ambas em Tocantins.
A investigação, iniciada há quase dois anos, aponta que foram realizados no mínimo 23 voos transportando em média 400 quilos de cocaína cada, o que totaliza mais de 9 toneladas. Entre março de 2017 e outubro de 2018, a organização teria recebido pelo menos U$ 3,4 milhões, cerca de R$ 13 milhões apenas com o frete da droga.
São cumpridos 54 mandados de prisão e 81 de busca e apreensão, expedidos pela 4ª Vara Federal de Palmas, nos estados de Tocantins, Goiás, Paraná, Pará, Roraima, São Paulo e Ceará e no Distrito Federal.
Os mandados foram expedidos pelo juiz federal Pedro Felipe de Oliveira Santos, titular da 4ª Vara Federal de Palmas (TO). Em trechos da decisão, o magistrado aponta que as investigações foram realizadas ao longo de dois anos e que a quantidade de drogas transportada, neste período, representa “uma pequena fração” movimentada pelos investigados.
Esquema complexo
“A organização, por meio dos seus líderes, cooptou pilotos, copilotos, ajudantes, mecânicos, empresários, familiares, entre outros sujeitos, para promover o tráfico internacional de entorpecentes”, completa o magistrado, com base nas investigações. O custo do frete cobrado pela organização investigada girava em torno de US$ 150 mil”, destacou.
A organização chamou a atenção da Justiça por sua complexidade e detalhada divisão de tarefas. Na decisão judicial, o juiz federal afirma que foram colhidas evidências consistentes de que o grupo teria forte atuação no Brasil e no exterior, “com ligações diretas e relações comerciais com agentes produtores e com agentes varejistas que também operam tráfico de drogas na Colômbia, na Venezuela, em Honduras, na Guiana, no Suriname, na União Europeia e na África”.
Conforme as investigações, a suposta organização recrutava pilotos e mecânicos; preparando as aeronaves, com revisões mecânicas nos estados de Goiás, Tocantins e Pará. Os aviões eram adulterados para aumentar a autonomia de voo, inserindo mecanismos irregulares de abastecimento adicional; alterando a pintura original antes e após os voos; reaproveitando documentação de aeronaves inutilizadas, no intuito de “esquentar” outras em condição irregular; omitindo e falsificando planos de voo; e por meio de minuciosas limpezas internas para destruição de possíveis vestígios de drogas.
Mais de 400 policiais federais dão cumprimento aos mandados da operação. Também participam da ação a Força Aérea Brasileira (FAB) e o Grupamento de Rádio Patrulha Aérea da Polícia Militar de Goiás.
Foram pedidos ainda pela PF e deferidos pela Justiça Federal o bloqueio de contas bancárias de aproximadamente 100 pessoas e empresas envolvidas, a apreensão de 47 aeronaves, o sequestro de 13 fazendas com mais de 10 mil cabeças de gado bovino e a inclusão de seis pessoas no Sistema de Difusão Vermelha da Interpol.
Os investigados devem responder, de acordo com a participação de cada um, por tráfico transnacional de drogas, associação para o tráfico, financiamento ao tráfico, organização criminosa, lavagem de dinheiro e atentado contra a segurança do transporte aéreo.
O nome da operação faz alusão a uma expressão utilizada pelos países aliados durante a Segunda Guerra Mundial para se referirem à artilharia antiaérea alemã.
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