O telefone celular é um importante meio de comunicação. Hoje, para muitas pessoas, é considerado indispensável. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de l64 milhões de brasileiros usam o celular. As gerações atuais estão “submersas” nos celulares, desde os primeiros anos de vida. São os chamados “nativos digitais”. No convívio familiar, entre amigos e comunidades, as comunicações são cada vez mais virtuais.
NA ATUALIDADE, o turbilhão de informações e de estímulos, é muito grande e nos chegam como um “enxame de abelhas”. Torna-se difícil defender-se porque são muitas e chegam ao mesmo tempo. Especialmente, crianças, adolescentes e jovens vivem conectados durante horas e horas por dia. Uma frase que traduz a intensidade dessa conexão é esta: “Estou on-line”.
DIANTE disso, muitos não se viciam somente em drogas, mas no uso do celular. E, quando ficam um dia sem o aparelho, sofrem crises de ansiedade. É chamada nomofobia, ou seja, a doença dos dependentes de tecnologia. Mais do que medo de se separar do aparelho, as pessoas que sofrem com esse problema, tem pavor de não estarem conectadas. Isso pode gerar angústia, irritabilidade, ansiedade e falta de sono. A cada dia, a situação fica mais complexa.
EXISTE o lado bom, útil e necessário das tecnologias, mas não podemos ser escravos delas. O pior escravo não é aquele que está algemado por alguém, mas aquele que está internamente preso pelas algemas das redes sociais. Aprender a ter o autocontrole é urgente e fundamental. Todos sabemos que na vida há limites e esses devem ser respeitados. Sem isso, não é possível uma formação responsável.
NINGUÉM duvida da utilidade do celular e dos diversos aplicativos, mas eles podem tornar-se um vício como qualquer outro. No passado, falava-se de uma noite sem televisão. Hoje, se tornam necessários dias ou noites sem celular para que pais e filhos possam conversar. O importante é sempre observar se, em nossas conexões, fugimos dos ambientes de vida mais próximos. A verdadeira sabedoria está no uso consciente, responsável e equilibrado do celular e das redes sociais.
O PAPA Paulo VI afirmava que, na “Civilização Digital, as pessoas escutam com mais boa vontade as testemunhas de vida do que os mestres”. Portanto, a formação das crianças e jovens consiste, mais do que tudo, na apresentação de modelos a imitar. “Ensina o adolescente quanto ao caminho a seguir, e ele não se desviará, mesmo quando envelhecer” (Provérbios 22,6).
Dom Itamar Vian
Arcebispo Emérito