Morreu na madrugada desta quarta-feira, 22, aos 84 anos, o professor, escritor e ex-diretor-geral do Jornal A TARDE, Edivaldo Boaventura. Ele havia passado por um cateterismo na tarde desta terça, 21, e não resistiu às complicações do procedimento.
Amigos lamentaram a morte do professor Edivaldo, que ocupava a cadeira 39 da Academia de Letras da Bahia (ALB) desde 1971. O coordenador do arquivo da ALB, Bruno Rosário, ressaltou que Boaventura foi um grande mestre.
"Acima de tudo, era uma pessoa maravilhosa. Foi um mestre para mim e me ajudou bastante no meu desenvolvimento intelectual e profissional, além da parte afetiva", afirmou Bruno, que também trabalhava com ele como pesquisador e revisor de texto.
Já o presidente da Associação Bahiana de Imprensa (ABI) e diretor-presidente do jornal Tribuna da Bahia, Walter Pinheiro, destacou o legado de Boaventura nas diferentes áreas da educação e da cultura.
Estou abalado com a notícia, mas ele deixa todo esse legado, principalmente em favor da educação e também pela prática da verdade e do bom jornalismo
Walter Pinheiro, presidente da Associação Bahiana de Imprensa (ABI)
"O professor é uma figura muito bem-quista, muito reverenciada em nossa comunidade, em face do seu talento polifacetado, como professor, homem público, jornalista, escritor e imortal, membro da Academia de Letras da Bahia. Da nossa parte, era um colega da Associação Bahiana de Imprensa, na qual ele presidia o Conselho Consultivo", afirmou.
Pinheiro também destacou Boaventura "era um convívio extremamente cordial, como era da personalidade do professor. Estou abalado com a notícia, mas ele deixa todo esse legado, principalmente em favor da educação e também pela prática da verdade e do bom jornalismo, como sempre lutou na medida em que esteve à frente do Jornal A TARDE. Perdemos mais um grande nome, mas ficam as condolências a Solange Boaventura e à família".
Boaventura – que era articulista de A TARDE, escrevendo quinzenalmente na editoria de Opinião – nasceu na cidade de Feira de Santana, no dia 10 de dezembro de 1933. Após estudar o secundário no Colégio Antônio Vieira, em Salvador, formou-se em direito e ciências sociais, e obteve a livre docência pela Universidade Federal da Bahia (Ufba). Era também mestre e Ph.D em educação pela Universidade Estadual da Pensilvânia (EUA).
Em 1968, a convite do reitor da Ufba, Roberto Santos, implantou a Assessoria de Planejamento encarregada da reforma universitária, quando publicou "Universidade em mudança".
Foi um mestre para mim e me ajudou bastante no meu desenvolvimento intelectual e profissional, além da parte afetiva
Bruno Rosário, coordenador do arquivo da ALB
Como professor adjunto, transferiu-se da Escola de Administração para a Faculdade de Educação da Ufba, da qual é um dos fundadores, e entrou para o Conselho Estadual de Educação da Bahia (1968-1983, 1991-1996), presidindo-o de 1976 a 1978.
Ele também contribuiu para a criação da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e foi um dos fundadores da Academia de Ciências da Bahia.
Sua trajetória no Jornal A TARDE começou em 1996, quando assumiu o cargo de diretor-geral. Durante a gestão, Boaventura deu especial atenção ao projeto A TARDE Educação, inserindo o jornal nas escolas do interior da Bahia.
Ele é autor de 40 obras literárias, entre elas "Castro Alves: um parque para o poeta", "Jorge Calmon - o jornalista" e "A construção da Universidade baiana: origens, missões e afrodescendência".
Em 2016, tomou posse como membro da Academia de Ciências de Lisboa (Portugal), fato comemorado pelo filho, o ator e cantor Daniel Boaventura.
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