Cientistas identificaram em uma mulher de Salvador, capital baiana, o primeiro caso de reinfecção no Brasil com uma mutação do coronavírus encontrada inicialmente na África do Sul e que provoca preocupação mundial. A informação foi publicada, nesta sexta-feira (8), pelo Jornal O Globo.
A linhagem com a mutação da Bahia é a mesma identificada pela primeira vez no estado do Rio de Janeiro, cuja descoberta foi anunciada em dezembro, e, apesar de ser diferente da sul-africana, compartilham a mutação E484K, que preocupa porque atinge uma região crucial do coronavírus, podendo tornar o vírus ainda mais transmissível
Uma das preocupações envolve a suspeita de que essa mesma mutação afeta também a região do vírus alvo da maioria das vacinas. Uma outra mutação da linhagem encontrada no Reino Unido e que já se espalhou por mais de 30 países atinge a mesma região do coronavírus.
Liderado por Bruno Solano, do Instituto D’Or de Ensino e Pesquisa (IDOR) e do Hospital São Rafael, em Salvador, o estudo foi submetido à revista Lancet e a descoberta já foi comunicada ao Ministério da Saúde e às autoridades de saúde da Bahia.
“Esse tipo de estudo é essencial para compreender a propagação da pandemia e identificar a tempo mudanças no vírus que possam ter impacto na transmissão e nas vacinas”, destacou Solano.
Mutação
A mutação altera o chamado RDB, o ponto em que o Sars-CoV-2 se liga às células humanas, sendo a região mais crítica da proteína mais importante do coronavírus, a espícula ou S, alvo da maioria das vacinas e dos anticorpos neutralizantes produzidos pelo sistema imunológico. Como é o ponto de ligação entre o vírus e as células, o RDB é atacado pelos anticorpos.
Porém, a mutação confere ao vírus o que os cientistas chamam de mecanismo de escape. Ou seja, as mudanças genéticas fazem com que os anticorpos percam a especificidade contra o RDB porque ele já não é mais o mesmo, deixando de neutralizar o vírus. Informações por B News