O Ministério da Saúde concedeu coletiva de imprensa nesta quarta-feira (20) para detalhar as novas orientações sobre o tratamento de pacientes com Covid-19, a doença causada pelo coronavírus. Ao citar o novo protocolo de tratamento para pacientes leves com uso da cloroquina, a pasta afirmou que “não está se afastando da ciência”.
“Não estamos nos afastando da ciência, estamos nos aproximando da necessidade de garantir a vida em tempos de guerra”, disse Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES).
As novas orientações não haviam sido divulgadas desde a demissão de Nelson Teich, que deixou o cargo por discordar da insistência do presidente Jair Bolsonaro no tema. A coletiva não contou com a presença do ministro da Saúde interino, general Eduardo Pazuello.
O novo protocolo, no entanto, leva em consideração que “até o momento, não existem evidências robustas que possibilitem a indicação de terapia farmacológica específica para Covid-19”, e outro trecho do documento fala ainda na “necessidade de uniformização de informações para profissionais da Saúde no âmbito do SUS”.
Portanto, o Ministério da Saúde estabeleceu orientação de tratamento com cloroquina e hidroxicloroquina conforme a classificação de sinais e sintomas, em três fases: 1ª fase, do 1º ao 5º dia de sintomas; 2ª fase, do 6º ao 14º de sintomas e 3ª fase, a partir do 14º.
Segundo a pasta, diante do agravamento da situação da Covid-19 no país, que nesta terça registrou pela primeira vez mais de mil mortes em 24 horas, não se pode “retardar o início do tratamento em doentes e suspeitos, que deverão procurar as unidades de Saúde e, a partir daí, os profissionais vão definir em qual fase ele se encontra e adotar a conduta, colhendo a sorologia”.
“Não queremos que brasileiros morram aguardando resultado da sorologia. E quando essas pessoas voltam pra casa, complicam e chegam no hospital em uma nova fase da doença e morrem por insuficiência pulmonar”, disse a secretária.
Diversos especialistas e a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmam que o uso da hidroxicloroquina e cloroquina no tratamento da Covid-19 não tem eficácia comprovada e pode complicar o quadro do paciente devido aos efeitos colaterais da droga, que é amplamente usada no Brasil para tratamento de malária, lúpus e artrite reumatoide.
“Pelo lado prático, todos sabemos que os estudos científicos demandam tempo e o vírus é novo e pouco conhecido pela comunidade científica. Se esperamos, já vai ter acabado a epidemia e milhares de pessoas morrerão”, afirmou o secretário-executivo substituto Élcio Franco. Os estoques de cloroquina e hidroxicloroquina estão sendo verificados, bem como a compra de matéria-prima para fabricar a medicação.
De acordo com Mayra, a pasta tem monitorado estudos científicos no Brasil e no mundo que buscam alternativas para tratamento da Covid-19, mas que o novo protocolo garante “equidade” no tratamento, que contará com cloroquina ou hidroxicloroquina, azitromicina, anticoagulantes e corticoides.
“Não estamos não considerando a não necessidade de evidências científicas robustas. Não podemos esperar todos os estudos e não podemos deixar que o Brasil seja dividido entre pessoas com poder aquisitivo que podem ter acesso ao medicamento e outras que não terão acesso ao medicamento na rede pública”, disse. A cloroquina e a hidroxicloroquina são vendidas apenas com prescrição médica.
Segundo o Ministério da Saúde, o paciente e o médico podem não concordar no uso da cloroquina para o tratamento da Covid-19. “Não estamos obrigando ninguém, mas o paciente pode considerar a possibilidade de receber o tratamento.”
A Sociedade Brasileira de Cardiologia aprova as novas orientações e firmou parceria com a pasta para orientação de “leituras de eletrocardiogramas” nas localidades onde profissionais capacitados não estiverem disponíveis.
“As dosagens seguem o consenso do Brasil e também internacional e são semelhantes às doses para malária e, mesmo usando essas doses, estamos orientando todos os efeitos colaterais possíveis e a realização do eletro no 1º, 3º e 5º para que esses pacientes possam ser monitorados.” Informações por Jovem Pan