A confirmação do caso da doença conhecida como "vaca louca" em um frigorífico situado em Belo Horizonte movimentou as redes sociais nesta semana. Neste sábado (4), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) revelou o caso - além de outro no Mato Grosso. Ambos até então eram apenas investigados. Apesar de legítimo, o receio de contaminação em humanos não deve ser alimentado, pois a hipótese é praticamente descartada. Isso porque o registro atual é chamado de "atípico", ou seja, são originários do próprio organismo do animal após um processo de degeneração celular. O Mapa já se pronunciou, garantindo que não há riscos para a saúde humana nem animal.
Confira a seguir as principais questões a respeito da doença.
Vaca louca: o que é?
A doença é provocada por uma proteína infecciosa chamada príon, que pode gerar formação de placas no sistema nervoso. O príon já é encontrado no cérebro de vários mamíferos, e também em humanos. Mas ao adotar uma forma anormal, pode se tornar patogênico e se multiplicar. Eles tendem a se agregar formando fibras em forma de hélice, chamadas de fibras amiloides. Elas se acumulam nas células, afetando seu funcionamento ou levando-as à morte.
Trata-se de uma enfermidade que causa a degeneração do sistema nervoso e atinge geralmente animais de idade mais avançada. A doença ficou conhecida como "vaca louca" por acabar deixando o animal com comportamento mais agressivo.
Como o animal é contaminado?
Em casos de origem atípica, como o confirmado no animal em Minas Gerais, o príon passa por uma mutação, se tornando infeccioso. Quanto mais velho o bovino, maior a probabilidade de que isso se desenvolva.
Mas existem casos de contaminação que ocorrem após animais consumirem rações que utilizam restos de carne bovina contaminada, como farinha de carne e ossos. O uso deste tipo de ingrediente na ração para bovinos é proibido no Brasil.
Quais os principais sintomas?
O bovino que desenvolve a doença da vaca louca geralmente passa por uma alteração de comportamento. Entre outras características, ele pode apresentar nervosismo, ranger de dentes e dificuldade para andar. Olhar assustado e saliva excessiva também costumam ser sintomas.
Casos no mundo
Segundo informações da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), entre 1986 e 2004, mais de 180 mil casos de encefalopatia espongiforme bovina - nome científico da doença da vaca louca - foram confirmados apenas no Reino Unido. Há registros em diversos outros países no mundo. Em 2014, um caso isolado foi notificado no Brasil, em Mato Grosso. Por se tratar de ocorrência isolada, a OIE (Organização Mundial de Saúde Animal) classifica o Brasil como país de risco insignificante para a doença.
Humanos podem ser contaminados?
Segundo os especialistas, na prática não há riscos de contaminação em humanos devido ao consumo de carne bovina, devido ao rigoroso controle sanitário existente no Brasil. A possibilidade de que a doença afete seres humanos é praticamente zero, segundo explica Maria Isabel Guedes, professora da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais. "Tem um pânico sendo criado e temos um efeito imediato na comercialização da carne bovina. Com a (forma) atípica, não há relato algum de humanos se infectando com essa proteína por consumo de carne de boi. No Brasil, nosso sistema de vigilância é bem eficaz", garantiu a especialista.
No entanto, o consumo da carne animais afetados pela doença-da-vaca-louca (ou EEB) pode transmitir príons de animais infectados para seres humanos. Leite e derivados, contudo, são considerados seguros. A transmissão também pode acontecer diretamente de uma pessoa a outra por meio de transfusões de sangue, transplantes de órgãos e outros procedimentos médicos que envolvam tecidos contaminados, segundo informações da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Existe tratamento?
A resposta é não. Por isso, é importante a prevenção junto aos animais. Isso se faz utilizando apenas rações aprovadas pelos órgãos sanitários competentes.
Confira mais informações sobre a doença da vaca louca em https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/sanidade-animal-e-vegetal/saude-animal/programas-de-saude-animal/raiva-dos-herbivoros-e-eeb/CartilhaEEB2009.pdf
Por O TEMPO