A filha do prefeito de Muniz Ferreira Wellington Vieira, a estudante de direito Clara Vieira, 20 anos, acusa o ex-marido de agressão. Ele é filho do prefeito de Salinas das Margaridas. O fato teria ocorrido no dia 8 de maio, mas começou a ganhar repercussão no domingo, 13, após a irmã da vítima denunciar o crime no Facebook.
"Cansei de 'considerar' os pedidos pra esconder, de achar que não chegaria a essa gravidade as briguinhas de casal que foram evoluindo e esse monstro chegou a ponto de quase matar minha irmã. Ela que também é mãe, inclusive do filho dele. Ela que também tem mãe e vive querendo acreditar que isso foi só um pesadelo. ABRAM SUA BOCA!!! Gritem! Peçam socorro. DENUCIEM!!! Disk 180 e tenham coragem para não deixar 'o seu monstro' solto para agredir outras mulheres", disse Andressa Vieira, na rede social, em post com as fotos da irmã ferida.
Pelas imagens, é possível ver que Clara estava com os dois olhos roxos, além dos dedos e a orelha feridos. Ela também apresentava marcas de mordidas no braço.
O crime ocorreu dentro da casa de Clara, em Santo Antônio de Jesus. No mesmo dia das agressões, ela registrou queixa contra o ex-marido Filipe Fernandes Pedreira, 19 anos, que é filho do prefeito de Salinas das Margaridas.
De acordo com a delegada Patrícia Jackes, titular do Núcleo de Proteção a Mulher da 4ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin), em Santo Antônio de Jesus, Filipe prestou depoimento e confirmou as agressões, mas alegou legítima defesa.
"Ele disse que ela utilizou uma faca para agredi-lo. Ele tinha lesões, mas não acredito que a alegação de legítima defesa vai se confirmar. De qualquer forma, estou aguardando a entrega dos laudos de lesão corporal dele e dela", explicou.
Ainda conforme a delegada, o filho do prefeito também confirma que seguiu para a casa do ex-sogro após a ocorrência envolvendo a ex-mulher. "Ele diz que teve agressões mútuas, mas confirmou a utilização do spray de pimenta", disse a delegada, acrescentando que essa situação será investigada pela delegacia de Muniz Ferreira.
Clara também disse na delegacia que essa não foi a primeira agressão. De acordo com depoimento dela, o fato era recorrente na relação de três anos do casal, que se casou em 2016. Os dois se separaram há 15 dias. Filipe nega outras agressões e impôs a mulher a acusação de ser ciumenta.
Apesar da argumentação dele, a delegada diz que "já tem autoria e materialidade" do crime, mas que aguarda os laudos do local do crime e de lesão corporal (de Clara e de Filipe). Além da perícia, a polícia também ainda quer ouvir testemunhas para concluir o inquérito. De acordo com a delegada, uma vizinha, que tinha testemunhada a agressão, vai prestar depoimento.
Enquanto a investigação não é concluída, a justiça decretou medidas protetivas para Clara. Com isso, Filipe não pode se aproximar dela, mantendo uma distância de 100 metros, não pode tentar se comunicar com ela, nem divulgar qualquer vídeo íntimo do casal, além de se manter afastado do filho de um ano do casal pelo prazo de 90 dias.
Repercussão
Após a divulgação do caso, foi criada uma campanha com a hashtag "Todos por Clara". O assunto tem repercussão no Facebook e no Instagram, onde, inclusive, há um perfil específico sobre o assunto.
A reportagem do Portal A TARDE entrou em contato com a Prefeitura de Salinas da Margarida, onde foi informada que o prefeito Wilson Pedreira estava viajando e não iria se pronunciar sobre o caso. De acordo com o órgão, o advogado responsável pelo caso iria se pronunciar somente nesta tarde.
A Prefeitura de Muniz Ferreira também foi procurada, mas a reportagem não conseguiu contato com o órgão. No Facebook, o prefeito Wellington Vieira divulgou postagens sobre a campanha denunciando o caso da filha e sobre violência contra as mulheres. A TARDE