A advogada Ana Cristina Rossi, de 26 anos, e um companheiro foram agredidos violentamente na saída de uma festa em Florianópolis. A suspeita é de que o ex-namorado dela tenha provocado as agressões. Ela postou fotos nas redes sociais denunciando as agressões e o caso viralizou.
O ex-namorado dela nega que a situação tenha ocorrido conforme o relato divulgado e afirma que está tomando as medidas necessárias para comprovar que o ato "não foi intencional".
Cris mora e trabalha em São Paulo. Ela, que está na capital catarinense para visitar os pais e amigos, conta que, no relacionamento com o ex era obrigada a dar senhas de redes sociais, tinha restrição para conversar com amigos e que sofria perseguição principalmente após o término da relação, que ocorreu há quatro meses. "Por puro ciúmes, sentimento de posse", disse.
Ela explicou que postou as fotos porque queria proteger a família e ajudar as mulheres que estão passando pela situação, “ninguém merece isso, a dor emocional é maior que a física”.
Em seu perfil nas redes sociais, ela publicou fotos em que aparece com o nariz quebrado, que recebeu centenas de comentários e compartilhamento. A agressão, segundo a advogada, ocorreu na madrugada do dia 30 de dezembro na saída de uma festa no Sul da Ilha, após seu ex encontrar ela acompanhada por outro homem.
Além dela ter ficado ferida, o companheiro atual chegou a ser empurrado e caíu de uma altura de três metros. Ele precisou ser hospitalizado e sofreu lesões na coluna.
Vítima foi atingida no rosto — Foto: Arquivo pessoal
Questionada sobre agressões anteriores, a vítima negou que ele teria a ferido, mas que ocorreu situações de violência verbal e que ele chegou a quebrar com um chute uma porta de um hotel durante uma viagem.
O caso foi registrado na Delegacia de Proteção a Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (Dpcami) horas depois da agressão. Uma medida protetiva de urgência foi deferida um dia depois. Ela também disse que passou por exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML).
"Tenho medo, eu não posso mais andar sozinha, não posso ir ao mercado sozinha, porque tenho medo. É uma situação muito complicada. Sou de São Paulo vou voltar para lá, mas minha família que é daqui como fica? Eu não sei do que ele é capaz", disse.
No momento, Cris se recupera e o companheiro atual recebeu alta hospitalar, mas está afastado do trabalho e precisa de cuidados na recuperação. Ele preferiu não falar com a reportagem.
Ao G1, o suspeito da agressão preferiu não se manifestar sobre o assunto, e disse que está tomando as providências para esclarecer o caso na polícia. A reportagem também procurou a Dpcami e foi informada que não pode passar informações sobre o inquérito em andamanto.
Ana Cristina postou nas redes sociais o caso de agressão — Foto: Reprodução/ NSC TV
[GATILHO] [VIOLÊNCIA]
Infelizmente, logo eu, que tanto venho lutando nos últimos anos em prol das mulheres, e contra o fim da violência. Mesmo sabendo todos os indícios e reconhecendo eles não consegui me livrar de me tornar vítima do machismo cruel e desmedido!
Na madrugada do dia 30, em uma festa de pré-Réveillon entre amigos (após ter, graças a Deus, ido até São Paulo deixar minha filha com o pai para as festas de final de ano) fui agredida pelo meu ex-namorado [nome do suspeito e local onde trabalha].
Estávamos curtindo a festa entre amigos, muito felizes na verdade, eu estava com minhas irmãs, com minha amigas, estava dançando feliz, curtindo minhas férias depois de um ano exaustivo, um ano em que decidi por um fim a uma relação doentia.
Meu ex-namorado me fazia mal, me deixou doente, durante o relacionamento me privava de ter amigos, de ter contato com as pessoas que eu cresci junto, por puro ciúmes, sentimento de posse, tinha minhas senhas de todas as redes sociais, pois me obrigava a dar a senhas ou se não terminaria comigo!
Controlava minha vida de uma forma assustadora e por mais que eu pedisse pra entender que eu aquilo não era amor, que estava errado não adiantava, decidi mudar minhas senhas todas, porque estava absurdo e aquilo só tornou ele uma pessoa ainda mais agressiva!
Durante nossa viagem no ano passado quebrou a porta do hotel com um chute para me obrigar a desbloquear meu celular pra que ele olhasse tudo, não havia nada!
Nunca traí ele, nunca fui desonesta, só queria ter paz e por essa razão é que rompemos.
Ele terminou comigo quando pedi um tempo pra pensar, estava infeliz, ele já havia me desrespeitado de todas as formas possíveis, e um dia no carnaval de 2017 disse na frente da mãe dele que se eu não fosse embora da casa dele, ele me mataria, meu padrasto me buscou lá de madrugada.
Depois de cada agressividade dele, vinha a calmaria, milhões de pedidos de perdão, milhões de promessas, ele chorava e dizia que não era assim, que não sabia o que tinha acontecido!
Jurava que ía na igreja, que não ia mais beber, por muitas vezes fez chantagem e acabei voltando pois ele dizia que iria se matar.
Em agosto após voltarmos da viagem eu sabia que não queria mais, que não teria segurança também.... pois eu estava doente e com medo! Cada vez que algo o desagradava eu sentia medo, eu passava mal, meu estômago não aguentava mais e meu corpo sentia.
Eu vomitava de nervoso e ele dizia: “tomara que tu vomite teu cérebro”, ele se mostrava uma pessoa ruim, e eu que sempre acreditei no melhor das pessoas, passei a ver somente lado ruim naquele homem que um dia tinha sido bom pra mim.
Desisti, pedi um tempo pra pensar, ele terminou e eu fiquei aliviada!
Depois se arrependeu me perseguiu, mais de 200 e-mails trocados, ele pedindo perdão e eu pedindo paz, 3 números de WhatsApp bloqueados, diversos fakes... cheguei ao ponto de pedir que um amigo dele conversasse com ele, pedisse para que me deixasse em paz, ou eu iria fazer um BO, os e-mails pararam de chegar, e todo o resto também.
Aos poucos fui me sentindo bem, feliz, aliviada... comecei a me sentir eu mesma, esquecer todo meu medo!
Mas ele sempre vinha à tona quando eu estava aqui!!
Nesta última sexta-feira fomos pra essa festa no [nome do lugar], minutos antes de irmos embora eu comentei com alguns amigos que estava passando mal, com medo pois ele havia me seguido em alguns momentos e no final na frente de algumas pessoas e do meu acompanhante na festa, segurou na minha cintura quando eu passava ao lado dele e disse: “preciso falar contigo!” - não respondi, me desvinculei dos braços dele, sai andando. Perguntei a um amigo se ele havia visto, ele disse que sim, e pedi que fôssemos embora.
Estávamos indo, eu ria de nervoso dizendo pros meus amigos: “vamo embora, to nervosa aqui vou me [**]” e eles riam.
Nos levantamos pra ir embora e nos aproximamos (talvez fôssemos nos beijar) eu realmente não lembro, foi o que me contaram, ele perguntou a uma amiga minha, [nome da amiga], aonde íamos, ela não respondeu.
Ele disse e ela ouviu: “ahhh não, na minha frente não”.
Ela tentou segurar ele mas não teve força, na frente de todo mundo cerca de 50 pessoas, na área descoberta do [nome do lugar onde ocorreu a festa], ele foi na nossa direção, deu APENAS um soco, com tanta força, tanto ódio, tanta maldade... que quebrou meu nariz, e cortou, tomei 3 pontos. Mas nem havia percebido o que me marcou e acho que nunca vou esquecer foi a cena em câmera lenta meu amigo indo pra trás e voando e caindo no chão, 3 metros de altura, 6 pontos na boca e 2 vértebras da coluna lombar quebradas.
A noite de terror mais desesperadora da minha vida! Algo triste e assustador que nunca imaginei viver! (Lembrei da mensagem enviada ao amigo dele, dizendo que eu tinha medo dele contando um pouco do que ele fazia e a resposta foi: kkkkkkk, como se meu medo não fosse nada, como se ele não fosse capaz de fazer algo!)
Não sei descrever a dor que foi, o medo que senti, nem me preocupei comigo. Mas fomos ajudados na mesma hora! Alguém ajudou ele a fugir do flagrante, e hoje ele tá rindo, postando fotos debochando, enquanto eu e minha família temos que temer, enquanto um cara maravilhoso está sofrendo com dores terríveis e sem poder trabalhar.
Eu não ia postar, mas ontem fiquei sabendo que a vida dele continua normal, enquanto nós temos que ter medo de andar na rua. Não é justo! Não posso fazer isso comigo, eu sempre lutei e aconselhei mulheres e a serem fortes pra sair de relacionamentos assim, para denunciarem. Eu não vou me calar. Eu não vou esquecer nunca!