Preso por tentativa de homicídio após participar de orgia em um motel nesse sábado (13/04/19), Domingos Sávio Lacerda Martins, 43 anos, é velho conhecido da política brasiliense. Detido após cortar o rosto de uma jovem de 23 anos com uma garrafa quebrada, o homem dá expediente na Liderança do PT na Câmara dos Deputados. Domingos ocupa cargo de natureza especial (CNE-15) e recebe mensalmente R$ 3.664,79.
O caso chegou ao conhecimento da bancada feminina do PT, que pediu ao líder da sigla, deputado Paulo Pimenta (RS), a exoneração do comissionado. “Estivemos reunidas e toda a bancada conversou com o nosso líder. O deputado Paulo Pimenta firmou um compromisso conosco de demitir o servidor, já que é uma situação inaceitável”, disse a deputada federal Erika Kokay, vice-líder do partido na Câmara e presidente regional do PT-DF.
“Além disso, já há determinação para que o caso seja levado ao diretório da legenda e, caso ele ainda esteja filiado, terá o nome encaminhado ao Conselho de Ética”, acrescentou a parlamentar.
Paulo Pimenta disse ao Metrópoles que a decisão de demitir o servidor já foi tomada e será concretizada nesta terça (16/04/19): quando chegar a Brasília, o parlamentar assinará a exoneração.
Sobrinho de ex-secretário do GDF
Domingos Sávio é sobrinho do ex-secretário de Administração Pública Wilmar Lacerda, gestor da pasta durante o governo Agnelo Queiroz (PT). Ele teve uma série de passagens por cargos no Executivo local na gestão do petista.
Em dezembro de 2012, apadrinhado pelo tio Wilmar, Domingos Sávio foi acomodado na Administração Regional do Riacho Fundo I após ter sido exonerado da Administração do Paranoá, onde ocupava o cargo de diretor de Desenvolvimento Econômico.
O hoje servidor da Câmara trabalhou no posto de administrador regional interino por 24 horas, até ser dispensado por Agnelo devido a acusações de nepotismo.
Veja o contracheque mais recente de Domingos Sávio no Portal da Transparência da Câmara:
O nome de Domingos Sávio volta ao noticiário após ele ser acusado de ferir uma jovem de 23 anos na manhã desse sábado. O caso ocorreu no Setor de Postos e Motéis Norte (SPMN), na subida para Sobradinho. A mulher relatou aos policiais que receberia R$ 300 pelo programa e havia chegado ao endereço com outras cinco pessoas, por volta das 2h. Eles alugaram um quarto no estabelecimento e, nas primeiras horas do dia, três indivíduos haviam deixado o grupo.
Às 10h, a vítima e a namorada, de 20 anos, se preparavam para ir embora quando, segundo relatos das mulheres, Domingos Sávio quis manter relações com a jovem, que se recusou.
Diante da negativa, o homem teria impedido que as duas deixassem o quarto e, logo depois, atacou a mulher com uma garrafada no rosto. Domingos Sávio quebrou a garrafa de cerveja e cravou no rosto dela, atingindo-a na bochecha.
Após a agressão, as duas saíram correndo do quarto em busca de socorro. Os policiais conseguiram entrar na suíte e encontraram o suspeito, que alegou estar dormindo quando foi acordado por a mulher querendo agredi-lo e somente teria se defendido.
Segundo os policiais, os envolvidos estavam sob efeito de álcool e drogas. Com a confusão, a namorada da vítima teria passado mal e foi levada desacordada ao Hospital Regional do Paranoá (HRPa). A mulher foi conduzida pelos bombeiros ao Hospital Regional de Sobradinho (HRS) e, depois, encaminhada ao Instituto Médico Legal (IML), para realizar o exame de corpo de delito.
Domingos Sávio foi preso em flagrante e encaminhado à 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá), responsável por investigar o caso. A ocorrência foi registrada como tentativa de homicídio. Ele passou por audiência de custódia nesta segunda-feira (15/04/19) e foi liberado pela Justiça.
O mandado de soltura foi expedido pela juíza Lorena Alves Ocampos mediante assinatura de termo de compromisso e aplicação de medidas cautelares. O acusado está proibido de se ausentar do Distrito Federal e não pode entrar em contato com as vítimas ou com testemunhas. Domingos Sávio terá de permanecer em casa entre as 22h e as 6h, e será monitorado eletronicamente por 90 dias.
O Metrópoles tentou entrar em contato com o suspeito, mas ele não atendeu as ligações.
Colaboraram Caio Barbieri, Fernando Caixeta e Carlos Carone
METRÓPOLES